Concursos da Mediateca

Depois do XIX Concurso de Poesia, com participações excelentes, que acabaram por valer um prémio nacional para o nosso aluno Miguel Mota (2.º lugar no Concurso Faça Lá um Poema, promovido pelo PNL), iniciamos hoje a divulgação dos premiados dos restantes concursos dinamizados pela Mediateca (Conto, Fotografia, Uma História em Imagem(s) e Fala Barato).

3.º Classificado

Ariana Roque, 11.º A

Conta-me uma história mamã

– Sofia! Anda para a cama que amanhã tens escolinha bem cedo. –Chamei-a já exausta de um longo dia de trabalho.

-Já vou mamã, andava só à procura do meu ursinho de peluche. – diz-me deitando-se na cama e deixando-me aconchegá-la.

Acabo de a preparar para dormir e vou-lhe desejar uma boa noite de sono quando ela me interrompe.

-Mamã, mamã! Conta-me aquela história de como tu e o papá começaram a namorar, aquela que eu gosto muito, por favor mamã conta! – pede-me impaciente e com aquela carinha adorável à qual não consigo negar nada.

– Pronto convenceste-me eu conto-te a história- digo dando um grande sorriso. Esta também é a minha história preferida- “Há dez anos atrás numa pequena cidade, vivia uma menina muito sonhadora. No seu 17º aniversário, no temível ano de 2020, apareceu um poderoso feiticeiro chamado Corona que afetou, não só a cidadezinha da Mafalda, mas também todo o mundo. O feiticeiro era muito poderoso e muito mau. Punha as pessoas muito doentes e trancava as restantes nas suas casas, separando-as das famílias e amigos o que as deixou muito tristes. Diariamente heróis que salvavam pessoas doentes, lutaram arduamente contra o Corona, mas foi uma guerra que demorou muito tempo.

A Mafalda era uma das pessoas trancadas em casa. Não podia sair para lado nenhum, nem podia abraçar os que amava, algo que aos poucos e poucos foi deixando a Mafalda numa tristeza profunda. Quando a Mafalda, cansada de viver em tão grande tristeza, começou em pensar trocar de mundo, apareceu-lhe um belo príncipe encantado que a salvou da sua tristeza”…

-Mas mamã, se as pessoas não podiam sair de casa, como é que o papá, quer dizer o príncipe salvou a Mafalda?

– O príncipe escreveu à Mafalda. –expliquei, recordando-me de como me senti ao receber a 1.ª mensagem do Martim. – ….“O príncipe, que se chamava Martim, era um colega de escola da Mafalda, porém nunca foram muitos chegados, ainda que Mafalda gostasse dele em segredo.

O príncipe escreveu a Mafalda que tinha saudades dela como colega e perguntou-lhe se estava bem, as conversas normais que as pessoas têm, mas daí surgiu uma forte amizade. Os dias, as semanas e os meses foram passando e Mafalda e Martim foram-se tornando cada vez mais amigos, até que um dia os seus corações se uniram e eles souberam que estavam destinados a ficar juntos.

Quatro meses tinham-se passado desde o inicio da enclausura, duas semanas desde que o Martim confessou a Mafalda o seu amor e ainda não se podiam encontrar nem o selar com o beijo típico dos contos de fadas, porque o malvado Corona ainda dominava o mundo e impedia as pessoas de sair de casa.

Mais meses se passaram e os namorados cada vez mais desesperavam por sentir o toque um do outro, mas o Corona permanecia e parecia estar a ganhar a guerra contra os heróis, que sucumbiam aos furiosos ataques do inimigo. Todavia, Martim não parecia ter medo do Corona e saía à socapa de casa para observar Mafalda da janela do seu quarto. Nestes encontros proibidos, Martim declama belos poemas à sua amada enquanto ela o escutava com muita atenção, trocavam-se olhares apaixonados e grandes sorrisos, foi então num destes momentos que juraram que no dia em que os heróis banissem o Corona os dois iriam dar um belo passeio. Continuaram a encontrar-se assim às escondidas, mas um dia Martim não apareceu. Mafalda ficou muito preocupada e escreveu logo ao seu amado. Ele não respondeu. Soube mais tarde por outros que Corona o tinha apanhado. Mafalda nem pensou um segundo, agarrou no que precisava e partiu logo em busca de Martim, mas uma heroína sua amiga impediu-a e prometeu que faria tudo o que lhe fosse possível para o salvar das garras do Corona”….

– O Corona fez mal ao papá, mamã? – disse-me com uma carinha de preocupação.

– Não querida, o papá era um rapaz forte, tal como tu és uma criancinha forte- disse-lhe fazendo cócegas na barriga.

-Espero que tenhas agradecido à tua amiga heroína, porque ela cumpriu a sua promessa! – diz-me esboçando um enorme sorriso. Lembro-me do quão feliz fiquei ao saber que o Martim recuperou da doença. Eu não conto à Sofia, mas o pai dela esteve mesmo às portas da morte. Continuei a minha história:

….“Então passado uns dias (na realidade foi mês e meio) a amiga da Mafalda trouxe o Martim são e salvo e a Mafalda agradeceu-lhe imenso pela sua ajuda. Passado umas semanas as noticias porque todos esperavam chegaram: os heróis estavam a ganhar na guerra ao Corona, esta notícia alegrou a todos e encheu-os de esperanças. Mafalda escreveu logo a Martim: “Finalmente meu amor, finalmente vou poder ver-te e abraçar-te. Já falta pouco querido Martim. Com amor, Mafalda.” Demorou apenas uma semana para conseguirem expulsar de vez o Corona e finalmente as pessoas conseguiram sair à rua.

Mafalda alegrou-se mal pôs o pé na rua. Apreciou o sol na sua face, e o vento nos seus cabelos por uns momentos e logo correu pela cidade fora em busca do seu grande amor, encontrou-o a meio caminho. Parece que tiveram a mesma ideia. Hesitaram por instantes. Era estranho pensarem que finalmente se iriam tocar, quase após um ano de namoro. Foi então que correram para os braços um do outro e selaram o seu amor com o tão esperado beijo.

– E foram felizes para sempre mamã? – pergunta-me Sofia, radiante e com um brilho dos olhos. Esta era realmente a sua história preferida.

– Sim meu amor, eles foram felizes para sempre, principalmente, quando anos mais tarde tiveram a sua filha Sofia. – Ela soltou um delicioso sorriso- Mas agora a menina Sofia tem que dormir que já é muito tarde- falei seriamente e ela assentiu com a cabeça.

Despedi-me com um beijo na testa e apreciei a sua forma de dormir por uns momentos. Segui para o meu quarto onde o Martim já estava deitado a ler um livro. Preparei-me para dormir e deitei-me ao seu lado. Reparo na sua face e sorrio, realmente ele e a Sofia são as melhores coisas na minha vida.

– Amo-te meu amor! – digo-lhe olhando-o apaixonadamente.

Ele pousa o livro e aconchega-me junto a ele.

-Também te amo! – diz-me beijando-me a testa. E então adormeço no calor dos seus braços sentindo-me a mulher mais sortuda do mundo.

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